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Desafios do Sector Agrário

O crescimento de população mundial exerce uma forte pressão sobre os sistemas agroalimentares, florestas e recursos naturais, face à necessidade de produzir mais alimentos, garantir a sustentabilidade dos processos de produção e de abastecimento e dar resposta à procura de produtos de base florestal. A população mundial atingiu 8 mil milhões de pessoas em 2022, estimando-se que no final do século seja superior a 10 mil milhões. É expectável que o aumento da população incremente a procura de alimentos em mais de 50%. A fome ainda atinge milhões de pessoas e a agricultura utiliza quase metade das terras com vegetação do mundo, gerando um quarto das emissões anuais de gases com efeito estufa (GEE). Neste contexto, torna-se essencial produzir mais alimentos com menos terra e menor emissão de GEE, num cenário marcado por alterações climáticas e problemas ambientais.

Os desafios do sector agrário centram-se em garantir a segurança alimentar da população, proteger e restaurar florestas, savanas e turfeiras e contrariar os efeitos das alterações climáticas. É vital aumentar a produtividade, via uso de inovações tecnológicas e da maior eficiência de utilização dos recursos produtivos, cumprindo as metas da sustentabilidade ambiental.

É assim necessário desenvolver uma nova agenda que procure o crescimento sustentável da economia impulsionado pela qualificação, o conhecimento e a inovação. Nesta ótica, é essencial acelerar a transformação estrutural e a mudança do perfil de especialização dos sistemas agroalimentar e florestal, o que exige inovação e qualificação dos seus agentes. A nova agenda implica reformular os sistemas agroalimentares e florestal, tanto ao nível da produção como da distribuição de valor entre os participantes.

No caso de Portugal, alguns estudos realçam a importância de qualificar o tecido empresarial, aumentar o tamanho médio das empresas, promover a formação dos recursos humanos e a integração em cadeias de valor globais.

O Ensino Agrário em Portugal

As instituições de ensino devem responder aos desafios da nova agenda, nas vertentes da investigação e de formação de recursos humanos. Portugal aproximou-se das metas europeias na formação, tendo o número de estudantes no ensino superior (ES) aumentado 16% entre 2015 e 2020 e a taxa da população entre os 30 e os 34 anos com o ensino superior completo atingido 44% em 2021. Para o crescimento do número de estudantes no ES contribuiu o alargamento da base social de recrutamento, o aumento de bolsas para mitigar circunstâncias socioeconómicas inibidoras da prossecução de estudos e a ampliação da rede de Cursos Técnicos Superiores Profissionais. Face à previsão de quebra demográfica, poderá ser necessário atrair para o ensino superior estudantes oriundos das vias profissionalizantes.

As instituições com ES agrário devem procurar novos formatos de cooperação entre os sistemas científico e de ensino e os agentes económicos. Os profissionais que formam devem ser agentes da nova agenda, contribuindo para a valorização dos sectores da produção animal, agrícola e florestal, para a segurança alimentar e o desenvolvimento do território.

Não obstante esta função crucial, o número de estudantes inscritos nas áreas de formação de agricultura, silvicultura e pescas, tem decrescido ao longo dos últimos anos, em contraciclo com o crescimento do número total de estudantes do ES, o que poderá pôr em causa o desenvolvimento da nova agenda.

É assim necessário realizar uma reflexão sobre a oferta formativa da área agrária. Esta reflexão deve incluir a análise das necessidades dos agentes do sector agrário, a interação entre o ensino e a investigação, o enquadramento de instituições com diferentes e níveis de ensino, os perfis de formação dos profissionais e as condições de acesso ao ensino superior.

É neste contexto que a Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, promove uma análise prospetiva sobre o futuro do ensino agrário em Portugal envolvendo diversos especialistas e interessados, visando fazer um diagnóstico da situação atual e apresentar um conjunto de  propostas para o desenvolvimento estratégico deste ensino.  Esta reflexão incidirá nos temas:

           1 ) Atratividade do sector agrário.  O reflexo no ensino;

           2)  Acesso e regulação do ensino superior agrário;

           3) Currículos para o futuro;

           4) As necessidades do sector empresarial agrário;

           5) Que Ensino Agrário no futuro.

Comissão Organizadora

  • José Luís Mourão – Coordenador
  • Alfredo Aires
  • Ana Paula Silva
  • Ângela Martins
  • António Fontainhas Fernandes
  • Cristiana Rego
  • Divanildo Monteiro
  • Jorge Azevedo
  • Jorge Cardoso
  • Maria Emília Silva